HISTÓRIA


PRÉ-HISTÓRIA
O ano é 1876. Chega à região da atual Reginópolis Adão Bonifácio Dias, conhecido como Adãozinho Bugreiro. Ele veio de Bom Jardim, região situada entre as atuais Lençóis Paulista e Agudos. Por aqui, Adãozinho desmatou grandes áreas para a instalação de fazendas nas terras marginais dos Rios Dourado, Aguapeí (Feio) e Congonhas.
O termo “bugreiro” significa caçador de índios. Estas pessoas envenenavam os suprimentos de água dos nativos com estriquinina e vírus do sarampo, catapora, varíola e influenza.
Em 1880, foi criada a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo. O objetivo era avaliar, nas regiões estaduais, o relevo, clima, hidrografia, recursos naturais e habitantes locais. Outra intenção era identificar terras desocupadas e próprias para o cultivo do café.
Nesta época, chegou à região do Rio Aguapeí (Feio) o bugreiro Luiz Wolff, conhecido como “Luiz Alemão”. Ele veio de Banharão, região da atual Dois Córregos, e se tornou proprietário das terras de Adãozinho Bugreiro nas redondezas da atual Presidente Alves.
Em 1886, o coronel Joaquim Piza, vindo de Jahu (atual Jaú), buscava mais terras para o cultivo de café. Ergueu sua fazenda no divisor de águas dos rios Aguapeí (Feio) e Dourado, batizando-a de Fazenda da Faca. Mais tarde, esta propriedade viria a ser o centro operacional dos construtores da Ferrovia Noroeste.
O Brasil passava por significativas mudanças em seu sistema político. Em 1888 foi promulgada a Lei Áurea, com a libertação dos escravos. Em 1890, o novo governo, sob o comando de Floriano Peixoto, organizou a construção de estradas férreas para ligar outros estados ao Rio de Janeiro, então capital Federal.
O Banco União do Estado de São Paulo, através do Decreto 862 de 16/10 ganhou a concessão para explorar os serviços da via férrea. Pouco tempo depois, o Banco apresentou estudos para a implantação de 100 km de linha férrea. A concessão foi revista e passada para a Companhia de Estradas de Ferro Noroeste do Brasil, que assumiu o objetivo de instalar as linhas em “terras desconhecidas”, desde São Paulo até o Rio Paraguai.
Estas “terras desconhecidas”, contudo, não estavam desabitadas. Por aqui, viviam os índios Kaingangs (também conhecidos como Coroados), OtiXavantes e Guaranis. Posseiros começaram a erguer casas de pau-a-pique e fundaram uma pequena vila nas terras do Rio Feio por volta de 1898. Nascia assim o povoado de Alto Tabocal, a futura Presidente Alves. O avanço da construção da ferrovia significou o início de uma verdadeira guerra contra os índios e a Mata Atlântica.

Três fatores impulsionaram o avanço da construção da linha de ferro da noroeste: o aumento da produção de café no estado de São Paulo, os recém-chegados imigrantes italianos e espanhóis e o comércio de terras. Em 1896, a sede da municipalidade de toda esta região passou de Espírito Santo da Fortaleza (atual Agudos) para Vila de Bauru.
Já em 1901, o padre Monsenhor Claro organizou uma expedição para catequizar os índios. Recrutou alguns Guaranis, casou-se com a filha do chefe da tribo e partiu, em duas canoas, para fazer contato com os Kaingangs. A expedição foi desastrosa, resultando na morte do padre e da maior parte dos índios Guaranis. O local do encontro entre eles foi as margens de um dos afluentes do Rio Feio, que recebeu o nome de Ribeirão do Padre Claro. O local está próximo à atual cidade de Guarantã.
Um ano depois, foi criado o patrimônio de Pouso Alegre, atual Pirajuí. Em 1904, chegou a Bauru a Estrada de Ferro Sorocabana e a Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Nesta época, a Secretaria da Agricultura e Comércio determinou que a Comissão Geográfica e Geológica adentrasse às “terras desconhecidas” a fim de estudar suas florestas e rios. O projeto trazia como observação a legenda: “terras habitadas por selvagens”.
Com os dados em mãos, teve início em 1906 a construção da Ferrovia Noroeste do Brasil (NOB) a partir de Bauru. No mesmo ano, Maria Antonia do Belém doou as terras para a construção da primeira estação ferroviária e, posteriormente, da cidade de Presidente Alves. Belém era filha de Faustino Ribeiro da Silva, que foi doador das terras que assentam a cidade de Agudos.
A primeira estação foi construída no quilômetro 71 da NOB, a poucos metros da atual estação. Foi inaugurada em 27 de outubro de 1906. Era feita em madeira e, devido a sua precariedade, a Ferrovia Noroeste do Brasil construiu uma nova, cujas atividades tiveram início em 26 de outubro de 1916. Este prédio, hoje, é utilizado para programas sociais com crianças e adolescentes.
Em 1907, com a inauguração da Estação de Lauro Muller na fazenda Paraíso, foi criado o Distrito de Paz de Pirajuí (Lei nº 1105 de 02/12/1907).
Neste mesmo ano, chegaram a Presidente Alves os fundadores e primeiros povoadores de Presidente Alves: Mário Pimentel, Luiz Wolff, Roque Xisto e Benedito Caçapava. O primeiro chefe da estação foi Oscar Setúbal.
A lei nº 1428, de 3 de dezembro de 1914, a criou o município de Pirajuí e o distrito de paz de Presidente Alves.

Bibliografia
GHIRARDELLO, Nilson. À beira da linha – Formações urbanas da Noroeste paulista. Editora Unesp, São Paulo, SP, 2002.
NEVES, Correa. História da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Tipologias e Livrarias Brasil, Bauru, SP, 1958. p 69-72.
Zona Noroeste, 1928.

OS KAINGANGS
Os jesuítas, nos primeiros contatos com povos indígenas, os classificaram em dois grandes grupos linguísticos: os Tupis, de “língua geral”, e os Tapuias, de “língua travada”. Posteriormente, os Tapuias ficaram identificados como Jês.


Os Kaingangs, os mais numerosos povos indígenas do Brasil meridional, pertencem à família Jê. Ocupavam áreas que iam desde o oeste paulista até o norte do Rio Grande do Sul. Foram encontrados em grandes tribos nos vales dos Rios Peixe e Feio (Aguapeí), que circundam a região de Presidente Alves. Nas florestas da região, abundava-se o pau d’álho, árvore que deu característica olfativa ao ambiente em que os Kaingangs viviam. Eles possuíam tradição nômade, em que as tribos se deslocavam por localidades nunca muito distantes das de origem.
Eles preferiam habitar os campos. As batalhas contra os exploradores, entretanto, obrigaram-nos a buscar refúgio nas matas fechadas, quase impenetráveis, na busca pela chance da sobrevivência. Conhecer as florestas e saber se esconder nelas era a única vantagem que os Kaingangs podiam utilizar para se protegerem da truculência dos bugreiros.
O termo Kaingang significa “gente do mato”. A organização social Kaingang é dividida em dois clãs: os kamé e os kairú, que são definidos segundo suas descendências. Durante o kiki, seu principal evento cerimonial, os clãs são identificados através de pinturas faciais. Os kamé utilizam motivos compridos e os kairú, redondos.
O xamã Kaingang, chamado de kuiã, adquire poderes através dos companheiros ou guias animais. Para iniciar esta relação, o aspirante a kuiã deveria entrar na mata virgem, coletar folhas de palmeira e confeccionar recipientes para armazenamento de água, que atrairia o companheiro animal. Mais tarde, o futuro kuiã voltaria à mata e identificaria qual bicho havia bebido da água preparada em seu recipiente. Se ele fosse capaz de identificá-lo, beber a água restante e se banhar, passaria a ter aquele animal como companheiro e guia.
Os Kaingangs não eram de natureza violenta e respeitavam outras comunidades indígenas que, porventura, entrassem sobre seus domínios. Não permitiam, contudo, que outras pessoas se instalassem sobre suas terras, cultivando-a e dela tirando seu sustento. O aventureiro que o fizesse era notificado e, em caso de permanência no local, era atacado pelos guerreirosKaingangs.
Eles também eram conhecidos como “Coroados” porque costumavam fazer, no alto da cabeça, uma espécie de coroa, cortando os cabelos em círculo.
O contingente estimado de Kaingangs no oeste paulista no início do século XX era de quatro mil índios. Com o avanço da “civilização” para o interior do Estado, essa população foi dizimada e reduzida a 173. Os truculentos bugreiros utilizaram todo tipo de crueldade e violência para realizar o extermínio, a mando de grileiros.
O território Kaingang em São Paulo se estendia da região de Bauru até Adamantina e do Rio Tietê ao Paranapanema. Os conflitos começaram em 1905, com o início da construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), que partia de Bauru, cruzando o noroeste do Estado e ligando-o com o Mato Grosso do Sul.
O avanço para o interior do Estado foi impulsionado pelo mercado cafeeiro e pelas terras inexploradas. A resistência indígena contava apenas com armas rudimentares. Os bugreiros possuíam armas de fogo com potenciais de destruição muito maiores, como espingardas e facões, o que propiciou grande vantagem na ofensiva dos exploradores.
Os ataques eram realizados durante as madrugadas, enquanto os índios dormiam. Não eram poupadas mulheres nem crianças. Os poucos Kaingangs que sobraram foram confinados, em 1921, em dois aldeamentos localizados em Graúna e Tupã. Este último ganhou o nome de Índia Vanuíre.


Referências bibliográficas

ABC, Márcio. Disponível em
ORDEM ROSACRUZ. Disponível emwww.amorc.org.br/destaques/destaque19.html. Acesso em novembro de 2009.
PINHEIRO, Niminon Suzel. Os Nômades, Etnohistória Kaingang e seu contexto. São Paulo 1850 a 1912. Faculdade de Filosofia e Letras. Unesp Assis. Dissertação de Mestrado em História e Sociedade, 1992.
Zona Noroeste, 1928.


A HISTÓRIA DE PRESIDENTE ALVES
A partir de 1856, como consequência do declínio econômico do extrativismo de ouro de Minas Gerais, os produtores buscam outras fontes de subsistência. Em 1888, com a exaustão da terra do Rio de Janeiro e a abolição da escravatura, o café fluminense vem para São Paulo, dando origem ao ciclo paulista desta cultura.
Os paulistas encontram mão-de-obra nos recém-chegados imigrantes italianos e espanhóis. O próprio imigrante ganha, aos poucos, parte da terra que ele veio cultivar e se instala como proprietário. As grandes produções culminaram no desenvolvimento de ferrovias para o transporte. Acompanhando as transformações da economia brasileira, o café expandiu suas fronteiras para o centro-oeste de São Paulo.
As plantações começaram a tomar o espaço antes ocupado por mata. A região vai, finalmente, povoando-se. Bauru era um pequeno arraial na serra de Agudos em 1893.
Os posseiros entravam em sangrentas lutas com os índios Kaingangs, moradores nativos da região de Presidente Alves. Esses desbravadores começaram a erguer as primeiras casas de pau-a-pique e formar a Vila nas terras do Rio Feio por volta do ano de 1898.
O desenvolvimento só chegaria mesmo a nossa região com o avanço das linhas férreas. Em 1904, chegam a Bauru os trilhos da Sorocabana. Um ano mais tarde, iniciam-se os trabalhos da Ferrovia Noroeste do Brasil (NOB), que tinha por finalidade ligar Bauru a Cuiabá. O objetivo inicial foi alterado com o decorrer dos anos, mudando para Bauru-Corumbá.
A estrada de ferro foi se expandindo em busca de locais já povoados, como aqui. Os confrontos com os índios Kaingangs tornavam-se mais violentos. Os nativos se defendiam com flechas e tacapes, enquanto os noroestinos usavam trabucos e carabinas. Como resultado, obteve-se um extermínio quase completo das comunidades indígenas. Da população de quatro mil índios no início do século XX, restaram apenas 173.
De trechos em trechos, conforme avançava a linha férrea da Noroeste, uma estação era erguida, onde nasceria uma cidade em breve. Em 1905 nascia Presidente Alves, que se desenvolvia rapidamente com as plantações de café. Em 27 de setembro de 1906 era inaugurada a estação da nossa cidade, feita em madeira e de condições precárias. Nesta época, o prédio ainda não era o que conhecemos hoje. Este mais novo foi inaugurado em 26 de outubro de 1916 e, atualmente, abriga o Projeto Criança, programa social de apoio a crianças e adolescentes da cidade.
Novas ruas foram abertas paralelamente à ferrovia, como a Nove de Julho e a João Pessoa. Casas de pau-a-pique foram erguidas e o antigo povoado do Alto Tabocal passou a se chamar Presidente Alves, em homenagem ao presidente da época, Francisco de Paula Rodrigues Alves.
De acordo com o livro Zona Noroeste (1928), “as terras que compreende o município de Presidente Alves são de primeira qualidade e julgadas as melhores de toda a zona Noroeste. Dai o grande incremento que de começo teve a sua lavoura” (sic).
A cidade recebeu imigrantes espanhóis, portugueses, italianos e sírios, o que contribuiu para a mistura étnica do nosso povo. O município atraiu, posteriormente, descendentes africanos e orientais. Presidente Alves foi elevado a distrito de paz pela Lei Nº 1428, de 03 de dezembro de 1914 e incorporado ao município de Avaí pela Lei Nº 1672, de 02 de dezembro de 1919. Até então, a cidade era distrito de Bauru. Torna-se município em 02 de dezembro de 1927, pela Lei Nº 2216. Como município instalado e datado a 28 de março de 1928, foi constituído como distrito de paz de Presidente Alves. Desde 30 de novembro de 1944, o distrito de paz de São Luiz do Guarucanga foi anexado ao território alvense, desvinculando-se do município de Avaí, por força da Lei Nº 14334.
Segundo o livro Zona Noroeste (1928), os fundadores de Presidente Alves, que aqui chegaram em 1907, são Luiz Wolf, Mário Pimentel (construtor da primeira casa de barro), Roque Xisto, Benedito Caçapava e Oscar Setúbal – primeiro chefe de estação da cidade. “Esses poucos homens que a estrada de ferro juntou, sem pretensão e sem alardes, foram os fundadores da cidade. (...) Presidente Alves, desde a fundação da sua estação, que lhe deu o nome, não parou, alargando cada vez mais o círculo de atividade inicial” (Zona Noroeste, 1928).
O alemão Luiz Wolf plantou nestas terras 10 mil pés de café em 1907, dando início ao ciclo do café em nossa cidade. Em 1925, uma crise se abateu sobre a região noroeste. Presidente Alves, contudo, manteve-se sólida devido à força do comércio com São Paulo, tornando-se uma das poucas praças que resistiram à crise.
Entre os primeiros moradores da cidade, estão Joaquim Pereira de Carvalho, que hoje dá nome ao estádio municipal, Coronel José Garcia, que doou o terreno para construção de uma escola – onde hoje abriga a Prefeitura Municipal, Mário Pimentel e Antônio Domene. São pessoas importantes para o município por  terem dedicado valiosa contribuição para os primeiros passos da cidade de Presidente Alves.
Em 1928, Presidente Alves contava com cerca de 10 mil habitantes, 374 residências, 150 estabelecimentos comerciais, 37 estabelecimentos industriais e 58 propriedades agrícolas e pastoris. Estavam registrados 253 automóveis na cidade. Dentre os profissionais atuantes, contava com cinco médicos, três dentistas e quatro farmacêuticos.

Referências bibliográficas
Zona Noroeste, 1928.

HISTÓRICO DE SÃO LUIZ DO GUARICANGA
            O Guaricanga foi desenvolvido por pioneiros que ali chegaram e que deram seu trabalho principalmente na agricultura, contribuindo para o crescimento do distrito. Famílias como Carneiro, Pessoa, Bautz, Cunha, Siena, Navarro, Oliveira, Almeida, Góes, Pares, Dias, Paula, Lima e tantas outras tiveram participação marcante para a transformação do distrito.
            O pontapé inicial se deu com o violeiro Tomas Garcia Carneiro. Homem de algumas posses, presenteou seu sobrinho-neto José Inácio Carneiro com um pedaço de terra nesta região. O nome do distrito veio de uma homenagem de José Inácio a São Luiz Gonzaga, do qual era devoto, mais o nome das palmeiras que cercavam o local – justamente guaricangas.
Desde 30 de novembro de 1944, o distrito de paz de São Luiz do Guaricanga foi anexado ao território alvense, desvinculando-se do município de Avaí, por força da Lei Nº 14334. 


Extraído do site da Prefeitura Municipal de Presidente Alves
Colaboração: Danilo Berbel e Luis Castro
http://www.presidentealves.sp.gov.br/